sábado, 22 de junho de 2019

O “MANTO SAGRADO” PREPARA-SE PARA DAR O ÚLTIMO ADEUS

O “MANTO SAGRADO” PREPARA-SE PARA DAR O ÚLTIMO ADEUS


O Campo Ruy Navega, o "manto sagrado", considerado uma das pedras mais antigas, tradicionais e históricas da Cidade do Porto, prepara-se hoje para dar o último adeus, deixando para a memória cantos e recantos nostálgicos.

Ao som do mítico hino da Liga dos Campeões da UEFA, que podia estar a ser emitido a um quilómetro daqui (Estádio do Dragão), o “Riazor” da cidade do Porto que trouxe casas cheias como um ovo nos anos 70 e 80, começa a contar os minutos da sua despedida.

O estádio nunca é associado proporcionalmente à exibição de cada jogador ou da equipa em questão, produzir melhor ou pior futebol. No entanto a atmosfera envolvente, dependendo do contexto ou das características ou das circunstâncias, leva a vários sentimentos como euforia, suspense ligados ao jogo.

Tudo isto sente-se no campo do Desportivo de Portugal que apresenta-se como um estádio à antiga, à inglesa, com os adeptos nas bancadas a engolir e transforma-o em emoções ao rubro, que eclodem dentro de campo e colocam uma pilha de nervos em cima do adversário, um autêntico inferno para quem veio a este terreno.

Os postes de eletricidade que suportam o teto do estádio, o relvado sintético que deixa respirar, inspirar e deixar os craques dar um toque do seu perfume, pessoas a assistirem em cima dos muros, barras de madeira sujas e que contam muitos anos de aventuras, as bancadas coloridas e sem assentos, fios tortos que seguram as barras, o corredor de entrada para os atletas feito da pedra mais antiga que se possa imaginar, balneários pequenos, com pouco espaço nos banheiros, o parque de estacionamento muito pequeno, as lágrimas e as saudades dos tempos mais áureos.

Enfim, nada que atrapalhou os atletas, treinadores, dirigentes, árbitros, adeptos, simpatizantes que por 94 anos de história passaram uma explosão de sabores, que se chama o futebol em estado puro.

Há muito sentimento envolvido, cânticos entoados por muitas vozes, que se ouvem a quilómetros… A união faz mesmo a força não é?.

A alma do velhinho Desportivo de Portugal está restituída e instituída através do novo recinto desportivo. Aqui está alma e não é por nada que é intitulado como o campo sagrado. Um pedaço de história. Um dos populares clubes da zona oriental da cidade do Porto.

O terreno de Justino Teixeira, dado como garantia para a construção do novo Centro de Saúde de Ramalde, vai destinar-se assim à construção de um equipamento desportivo que, entre outras valências, vai voltar a transportar a alma de um clube que se despede de um estádio, mas que vai trazer os lemas, o espírito e os valores da velha casa para a nova moradia.

De acordo com a Agência Lusa, a autarquia pretende atribuir, durante esse período transitório, um subsídio mensal no valor de 1750 euros, 21 mil euros anuais ao clube para minorar os encargos e os impactos negativos que possam haver sobre o clube.

O estádio vai servir agora como o Novo Terminal Intermodal de Campanhã e vai juntar-se aos terminais de comboio e de metro. A casa temporária do Campeonato de Portugal vai ser o Parque da Cidade, com a Câmara a comprometer-se a ajudar o clube a ter um terreno definitivo na Rua Justino Teixeira.

Hoje a Nova Memória com os jornalistas Diogo Bernardino e Simão Moura tem o exclusivo de estar presente no último dia do Campo Ruy Navega, com a festa a começar com um Torneio Juvenil dos sub-9 de manhã, de tarde dos sub-15 e às 18:00 com o jogo da consagração da subida da equipa sénior frente ao Inter de Milheirós, companheiro na subida para a Divisão de Honra.

A imagem pode conter: pessoas a praticarem desportos e ar livre



Fonte das Fotos: Nova Memória


Diogo Bernardino

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