domingo, 28 de abril de 2019

"CADA JOGO DO LEIXÕES É UM PRIVILÉGIO PELAS PESSOAS QUE ENCHEM O PAVILHÃO"

"Cada jogo do Leixões é um privilégio pelas pessoas que enchem o pavilhão"




Como tem sido hábito a Nova Memória volta a fazer uma campanha pelo desporto de Matosinhos e desta vez foi falar com os intervenientes das equipas de futsal do Leixões e do Leça que acontece pela primeira vez este domingo às 18 horas e 45 minutos no Pavilhão da Senhora da Hora (pode acompanhar o relato da partida no facebook da rádio Nova Memória).
Um dérbi é sempre um dérbi seja em que modalidade for, é verdade, mas este jogo tem muito que se lhe diga.
As duas equipas estão no seu primeiro ano, e, como todos sabemos, o primeiro ano de qualquer modalidade é sempre um pouco complicado.
Por ser um dérbi e por todos os factores que já aqui referimos espera-se uma casa cheia e um jogo de emoções fortes.
Esta campanha vai dividir-se em 3 partes. Ou seja, como foram feitas 3 entrevistas ( 2 aos jogadores do Leixões, Faísca e Paulinho, e 1 ao jogador do Leça, Gonçalo Rodrigues) vão ser publicadas no site 3 noticias diferentes em que em cada uma será possível ler as diferentes entrevistas.

Agora é a vez de Paulinho, número 17 do Leixões, que ao longo da conversa fala sobre toda a época, fala da sua carreira, comenta o ambiente no balneário e faz um apelo aos adeptos leixonenses.


Queria aproveitar a mesma pergunta que fiz ao Faísca e por isso mesmo pedir-te um resumo de toda a época da vossa equipa.

Decidi aceitar este projeto do Leixões porque é um clube que me diz muito (eu com 4 ou 5 anos já ia ver o Leixões com o meu pai a todo lado).
Temos tido algumas dificuldades ao longo desta época mas isto é o ano zero. É um ano que dá muito trabalho.
Em todos os clubes falta sempre alguma coisa e aqui por ser o início falta muita coisa.
Nós temos qualidade, fizemos uma primeira fase genial, sem derrotas, e apenas com 3 empates.
A nossa superioridade foi-se demonstrando semana após semana e agora nesta fase é tudo muito mais equilibrado.
As seis equipas são muito similares.
Penso que isto tudo se vai decidir nas duas últimas jornadas.

Como é vivido o ambiente no balneário antes dos jogos? Existe alguma pressão antes de entrar em campo?

Nós mais velhos tentamos ajudar sempre os mais novos.
No clube onde estamos há sempre a pressão da vitória e nós temos lidado bem com isso.
Para mim jogar futsal já não tem pressão nenhuma por jogo isto há muitos anos.
Se calhar, no meu caso, não lhe chamo pressão mas sim um privilégio.
Cada jogo do Leixões é um privilégio pelas pessoas que enchem o pavilhão
Tivemos duas derrotas com a mesma equipa e mesmo no final do jogo saímos de lá aplaudidos porque as pessoas viram que nos esforçamos, que demos tudo e estamos de consciência tranquila pois tudo fizemos para ter outro resultado.
O que nos compete a nós é trabalhar semanalmente apesar das dificuldades do trabalho diário de cada um, de as vezes ser impossível vir treinar. É isso que nós temos feito desde o início da época. 
Nós temos a palavra compromisso com o Leixões e dignificamos isso.
Uns têm mais facilidade em comparecer atodos os treinos, outros menos derivado ao compromisso que nós temos no nosso horário laboral que não é todo igual. Mas pressão só mesmo pela instituição que nós representamos. Mas quanto a isso estamos de consciência tranquila. Tudo faremos para chegar ao final da época e que o balanço seja aquele que nós traçamos que é a subida de divisão.

Tu tens também um longo percurso no futsal (Académica de Leça, Alpendorada, Junqueira, Rio Ave e Leixões). Fala-nos sobre a tua carreira.

Eu comecei com 8 anos na Académica de Leça. Andava na escola primária e fui às captações. Eu no início até era guarda-redes mas como era muito baixinho colocaram-me na frente (risos). Dos 8 aos 20 anos tive sempre na Académica de Leça. Depois dei o salto para a 1ª Divisão Nacional para o Alpendorada onde estive lá duas épocas. Foi uma experiência única. Com 21 anos estar na primeira divisão, jogar com os melhores jogadores, jogar com o Ricardinho. Aquilo sim era outro mundo. Aí sim achava que aquilo era uma pressão enorme. Levo muito boas recordações.
Quando saí do Alpendorada fui para o Junqueira onde fomos Campões Nacionais da 2ª Divisão. Jogamos contra o Fundão para discutir esse título, onde os levá-mos de vencido. Depois subimos à primeira mas como era tudo novo e os jogadores tinham pouca experiência daquele campeonato acabámos por não conseguir evitar a descida.
Mas até foi um ano muito bom e ganhámos experiência.
Depois recebi uma proposta do Rio Ave. Tive lá três anos e meio até não conseguir conciliar mais com o trabalho.
O futsal é a minha vida. Dois terços da minha vida são a jogar futsal pois já jogo desde os 8 anos, mas a família e o trabalho estão primeiro. Por isso mesmo, quando deixei de conseguir conciliar voltei ao clube onde cresci e era perto de casa. Fiz lá mais sete épocas.
Depois quando saí de lá ia deixar mesmo de jogar futsal até que surgiu, passado meio ano, o convite do Junqueira para os tentar ajudar. Vi que ainda tenho alguma coisa para dar ao futsal. Para mim a idade não tem muita importância porque sinto que ainda consigo correr mais que muitos de 20 anos (risos).
Mas acima de tudo existe vontade. Sobretudo pelas dificuldades do trabalho, da família, dos filhos. Só com muita força e ajuda da família, no meu caso da minha esposa e filhos. Eles é que acabavam por levar por tabela porque são menos horas em casa. Mas no fim tudo vale a pena. E espero que, ao decidir aceitar representar o Leixões, pelo projeto que me foi apresentado, possa chegar ao fim e festejar com os meus colegas todo o nosso esforço, tudo aquilo que nós dá-mos semana após semana e que isso seja a subida de divisão que tanto desejamos.

Costumas levar o ambiente do jogo para casa?

Claro que sinto bastante jogo após jogo dependendo do resultado. Se for como o último jogo não consigo esconder a frustração.
Primeiro faço logo uma auto-análise daquilo que poderia ter feito melhor. Depois vejo os erros onde nós equipa também temos que trabalhar e corrigir para o jogo seguinte.
Mas claro que a minha família sente um bocado.
A minha esposa está comigo há bastante tempo, já me conhece bem e custa sempre um bocadinho. Mas depois com os filhos, umas risadas e assim ajudam a atenuar o sentimento de frustração.
Mas custa sempre. O adormecer, as horas de sono, não é igual. Até ao próximo jogo dói sempre um bocadinho. 
Temos que saber lidar com isso e separar as coisas mas custa sempre.

Que análise fazes ao jogo com o Leça? Sentes que o fator casa ajuda ou só dentro de campo é que se tiram as dúvidas?

Eu costumo dizer que dentro do campo é que temos que mostrar que,em cada jogo, merecemos mais que o adversário.
Primeiro nesta fase os jogos têm sido todos equilibrados.
Segundo um dérbi é sempre um dérbi e como o nosso capitão disse acho que isto vai ser 50/50. Se calhar temos uma ligeira vantagem de 51/49 pelo apoio do público que será constante como tem sido ao longo da época. Espero que caia para o nosso lado, primeiro porque são 3 pontos importantes no nosso objetivo e em segundo para tentar dar aos leixonenses a vitória devido aquela sensação amarga do jogo anterior.

Por último, que mensagem queres deixar aos adeptos que vão assistir ao encontro de hoje?

O que se poderá sentir é mesmo o forte apoio a nós atletas e, por isso mesmo, tentaremos contribuir. O que desejo é que tudo corra dentro da normalidade e que nós consigamos sair com a vitória porque é para isso que temos trabalhado.


Fonte da Foto: Duarte Rodrigues

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