sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

ENTREVISTA EXCLUSIVA: PAULO LOPO DIZ QUE NÃO QUER CONTRATAR PARA O LEIXÕES TREINADORES "À TRAPATTONI"


O presidente da SAD do Leixões, Paulo Lopo, disse hoje em exclusivo à Nova Memória que não pretende treinadores “à Trapattoni” e que o próximo tenha um estilo baseado na “pressão alta” e no “domínio de jogo”.

“Humilde, tão ou mais ambicioso do que eu, jogue ao estilo daquilo que é a expetativa da nossa massa adepta. Nós aqui não gostamos de treinadores à Trapattoni, não gostamos de jogar para o meio a zero, nem para um a zero, gostamos de jogar para ganhar, de pressão alta, domínio de jogo. Não quero o ‘chute’ para a frente, ou sistemas super defensivos. Eu prefiro às vezes jogar bem do que ganhar a jogar mal”, especificou os parâmetros que quer para o próximo treinador dos ‘Bebés do Mar’.

Paulo Lopo avisou que “o dinheiro” que os jogadores compraram para “as prendas para os filhos deles”, saiu do seu bolso, do qual roubou “aos filhos e à mulher porque o clube não dá lucro”, e pede aos jogadores para “retribuir dentro de campo”.

“Nesta semana tive uma conversa com os jogadores, pois o Leixões é um clube que cumpre, raramente atrasamos nos pagamentos e quando passa um ou dois dias, pessoalmente peço desculpas. Fiz lhes ver que o dinheiro que compraram as prendas para os filhos deles, saiu do meu bolso. Roubei aos meus filhos, à minha mulher porque o clube não dá lucro. Tudo o que aqui entra, tenho de tirar do meu e o mínimo que tem de fazer é de retribuir dentro de campo, ‘morrer’ que também morro com eles. Prejudico a minha vida pessoal para que eles possam ter os ordenados em dia”, contou.

“Não quero divisões, não quero jogadores chateados porque estão no banco, porque pago a todos por igual, para que o treinador tenha a possibilidade de escolher. Exijo muito respeito, estive ‘chateado’ com algumas coisas que se passaram dentro da equipa [após jogo com Cova da Piedade] e disse ‘Quem manda aqui sou eu’. Quem quiser estas regras, está, quem não quiser, o escritório está aberto e rescindem sem ter de pagar nada. Não apareceu nenhum”, demonstrou.

Paulo Lopo indicou que a situação atual “não é unicamente exclusivo da responsabilidade do Filipe Gouveia”, que irá tratar das “ervas daninhas” e para os adeptos não confundirem a rescisão de um jogador “a pedido dele” com a situação de Tiago Moreira que “está a caminho do Sporting da Covilhã” e que foi “um pedido pessoal”.

“A situação atual não é unicamente exclusivo da responsabilidade do Filipe Gouveia, mas do nosso grupo de trabalho, porque quando tratamos do relvado, temos de tratar das ervas daninhas. Vão sair alguns jogadores, porque só quero aqueles que estão comprometidos a nível emocional com este símbolo. Rescindimos com um jogador a pedido dele mas é um profissional, não confundam com o Tiago Moreira que está a caminho do Sporting da Covilhã, um pedido pessoal, uma situação familiar difícil, mas não faz parte da limpeza a que me referi, porque não seria justo para ele”, abordou.

O dirigente diz que o processo de tomada de decisão do treinador tem a ver com “o conhecimento das outras equipas”, revelando que a escolha de Filipe Gouveia foi de “um grupo de investidores que queriam trabalhar” com este e “acabaram por não o fazer”. 

“A escolha do Filipe Gouveia não foi minha, foi de um grupo de investidores que queriam trabalhar comigo e acabaram por não o fazer. Apoiei muito o Gouveia, não posso dizer que foi um mau profissional, foi honesto, que trabalhou com aquilo que sabia e com aquilo que podia, mas o que deu ao clube foi insuficiente para aquilo que nós pretendíamos”, afirmou.

O responsável da SAD afirmou que Bruno China foi contratado para a equipa técnica para ser o “treinador da ‘casa’”, para que “possa estar disponível para conduzir o Leixões até à nossa próxima escolha” e admitiu ter “confiança” no ex-jogador.

“Quando o Bruno China vem para a equipa técnica, fiz um contrato de cinco anos para que fosse o treinador da ‘casa’, para que quando existiam situações como estas, possa estar disponível para conduzir o Leixões até à nossa próxima escolha. O Bruno não tem a experiência profissional para assumir a equipa sozinho em definitivo, mas mais importante do que fazer uma escolha precipitada, tenho confiança nele para conduzir a equipa neste e noutros jogos”, reforçou.

O presidente mencionou que a nova equipa técnica “ficará até ao final da temporada, a não ser que fique nos quarto primeiros lugares”.

“A próxima equipa técnica ficará até ao final da temporada, a não ser que fique nos quarto primeiros lugares, se conseguir esse objetivo, poderá ser renovado o contrato, se não, irei escolher o treinador que quero levar para a Primeira Divisão, porque quero subir, estou a construir o plantel para esse efeito”, sublinhou.

“Gostava que as coisas fossem feitas com uma rapidez efetiva, mas temos um processo, um motivo de construção interno e externo. Investi mais na estrutura do que na equipa porque para chegarmos à Primeira Liga, precisamos de ter um ‘back office’ forte para conseguir proporcionar aos jogadores e à equipa técnica o suficiente para eles terem essa ambição”, prosseguiu. 

Na Taça de Portugal o Leixões vem de jogos complicados frente a Leça, Amarante, Anadia e Tondela e está nos quartos da ‘prova rainha’, e é a única equipa da II Liga presente nesta fase da prova. Paulo Lopo já esteve três anos seguidos na Taça de Portugal, sendo que no primeiro disputou os ‘quartos’ com o Benfica, o segundo os ‘oitavos’ com o Tondela, e este ano com o FC Porto. 

Lopo comunicou aos jogadores no intervalo do jogo com o Tondela que estavam “para fazer história e não parte dela” e que “Nunca me consegui ver na pele de ser só mais um”.

“Disse aos jogadores no balneário que estávamos para fazer história e não parte dela. Todos os dias fazemos parte da história, mas só de vez em quando é que a fazemos. Nunca me consegui ver na pele de ser só mais um. Gosto de ser especial, no sentido em que quero que a minha equipa seja tão ambiciosa e lutadora como eu”, acrescentou.  

Paulo refere que “não gosta de repetir as coisas” e por isso espera “chegar às meias-finais” e diz ainda que “esta prova não é fácil” devido ao número de equipas que envolve.

“Apesar do sorteio não ter sido nem favorável nem desfavorável, já é a segunda vez que nos ‘quartos’ nos calha a equipa que vai em primeiro no campeonato. Acredito que posso levar de vencido o Porto pois jogo em casa com os meus adeptos e com os meus jogadores que são ‘guerreiros’. Temos que conhecer bem o nosso adversário, as limitações, os pontos fortes e fracos. No futebol tudo pode acontecer e é por isso que é mágico”, interpelou.

Paulo Lopo realçou que a nível desportivo “é injusto” jogar a duas mãos as meias-finais da Taça, mas que isso pode “puxar” pela “capacidade de conseguir” e que está “confiante” de que irá eliminar o FC Porto, fazendo prognósticos para as próximas fases, mas mantendo sempre uma “boa relação” com o presidente dos ‘dragões’ Pinto da Costa.

“Estou confiante de que vou eliminar o Porto, vou apanhar o Aves nas meias e disputar a final com o Benfica ou o Sporting, para mostrar a eles que nós estamos cá em baixo, mas que a grandeza do clube é maior”, prometeu. 

“Costumo dizer que o clube da mesma cidade não é um inimigo, é um primo. Tenho uma boa relação com o Pinto da Costa”, exprimiu.

O presidente do Leixões salientou que os novos reforços irão ocupar a “linha avançada”.

“Contratámos cinco jogadores, um extremo que vem da Série B brasileira, (Magno Ribeiro ao Paysandu), um jogador desta categoria está ao nível da Primeira, o Zé Paulo, que é um dos melhores jogadores, se ele assim quiser, joga a central, trinco, 8, 10, extremo, ponta de lança, já ando atrás dele há dois anos. O Zackarias foi considerado ano passado um ‘Golden Boy’, é uma aposta de risco, ele ficou sem jogar de agosto até agora, porque em condições normais como não foi no Sporting (situação ocorrida na Academia em maio) ele não estaria ao nosso alcance”, disse. 

“Os outros dois, um deles joga em Portugal e é um ponta de lança que na minha opinião é um dos melhores e o outro é para o meio campo. Só por questões de não estarem assinados os contratos é que não faço a divulgação dos mesmos. O ponta de lança é uma surpresa, porque andam muitos clubes atrás dele”, destacou.

Paulo Lopo declarou que a contratação de jogadores e o seu posterior empréstimo, “não acontece por acaso” e que “é uma questão estratégica”.

“Dizem que nós contratamos muitos jogadores e depois os emprestamos, eles não compreendem a razão por trás disso, não acontece por acaso, é uma questão estratégica. O Leixões é hoje como uma loja numa rua secundária e as equipas a quem nós emprestamos são de lojas que estão na Rua Brito Capelo. Quando cheguei, tínhamos oito jogadores emprestados a nós, a capacidade de venda era nula e acho que deve ser motivo de orgulho para os leixonenses emprestarmos jogadores ao Belenenses, ao Benfica, ao Santa Clara”, narrou.

Paulo Lopo diz ser essencial que o “Vídeo-árbitro (VAR) passe também para a II Liga” e que o negócio do futebol que “depende de resultados, só crescerá e terá mais adeptos se tornar mais verdadeiro”.

“É fundamental que o VAR passe também para a II Liga. Somos um campeonato profissional. Se somos profissionais, devemos gerir as coisas dessa forma mas este deve ser correto. Infelizmente, errar é humano, mas quem está a olhar dez vezes para a Câmara não pode errar. Já assistimos a uma mão cheia de erros que desvirtuam o futebol e este negócio que depende de resultados só crescerá e terá mais adeptos se se tornar mais verdadeiro. O futebol deve ser honesto, não sei qual é o gozo de ganhar de forma ilícita, isso não é uma vitória, é uma ‘aldrabice’. Tudo o que se poder ser feito para que o futebol seja mais sério e limpo, defendo”, exprimiu.   

Paulo Lopo salientou haver uma “harmonia perfeita entre a SAD e o clube” e que estes estão a construir “o Leixões do futuro”.

“Sinto uma harmonia perfeita entre a SAD e o clube. Estou convencido de que nós (Paulo Lopo e Jorge Moreira), estamos a construir o Leixões do futuro”, aludiu.

Paulo Lopo discorreu que tem alguma relação com a ‘MatosinhoSport’ e com a Câmara, mas no entanto sublinha não ser o interessado direto mas sim o clube.

“Não sou interessado direto destes problemas, esse é o clube. O que faço é usar a minha influência, para que se consiga atingir determinados objetivos. O facto de nós sermos uma sociedade anónima desportiva limita as possibilidades da Câmara nos apoiar. Peço para o clube porque o Leixões é um todo e nós só somos uma extensão dele. Por isso tento fazer o que posso no sentido de colaborar e conseguir o melhor possível a nível de instalações”, retratou.

No que toca ao Complexo Óscar Marques, Paulo Lopo diz ser “um projeto que já está em andamento” e em relação ao Campo de Santana criar um “complexo desportivo para jovens onde, devia estar a escola João Faneco onde fosse praticado futebol e não só”, como forma de honrar “aqueles que por ali passaram”.

“O Complexo Óscar Marques é um projeto que já está em andamento, e estou convencido que até ao final da legislatura da doutora Luísa Salgueiro que ele ficará completo. Quanto ao Campo de Santana eu já dei a minha opinião à Câmara, à MatosinhoSport e ao clube. Acho que pela história que representa, devia ser feito ali um complexo desportivo para jovens onde devia estar a escola João Faneco onde fosse praticado futebol e não só, pois seria uma forma de honrarmos aqueles que por ali passaram”, informou.

Paulo Lopo diz que a relação com o Leixões é como se fossem “as relações de casamento do século XIX”.

“A minha relação com o Leixões é como as relações de casamento do século XIX (19), nós não conhecíamos a noiva, mas depois de casar com ela acabávamos por apaixonar. Conheci o Leixões do meu imaginário de criança. É um clube que está atrasado, mas estou a dar uma ajuda para empurrar”, declarou.

Este mencionou que uma das duas frases da sua vida é que aceita “as pessoas como elas são e não como gostaria que elas fossem”.

“Tenho duas frases na minha vida que me marcaram muito, falei uma na TSF (Programa “Entrelinhas” conduzido pelo jornalista João Ricardo Pateiro), a outra é que ‘aceito as pessoas como elas são e não como gostaria que elas fossem’. Todos aqueles adeptos que gostam de mim aceito, mas os que não gostam de mim e que me criticam, também aceito. Eles fazem parte do meu universo familiar”, reiterou.

Paulo diz que ainda há pessoas que referem-o como “um investidor que veio de fora”, mas que hoje considera-se “um homem da casa”.

“Às vezes ouço as pessoas a dizerem que o presidente é um investidor que veio de fora, isso foi o princípio, hoje considero um homem da casa. Quando ouço as críticas, eu entendo-as como uma vontade, uma ambição de voltar a fazer este clube grande”, explicou.

Paulo Lopo expressou que houve uma fase “aos 50 anos” em que queria “ser o presidente de um clube”, pois lhe permitia “Todos os domingos”, com “a oportunidade de ganhar”.

“Sou uma pessoa que sempre teve muita ambição. Cheguei mais longe do que se calhar preveria. Houve uma fase aos 50 anos, em que decidi que ia fazer algo de que gostava verdadeiramente e para isso, não há nada como ser o presidente de um clube. Todos os domingos temos a oportunidade de ganhar”, realçou.

“Tinha um negócio que era muito envolvente, que empregava cerca de duas mil pessoas, com escritórios em Espanha e em Angola. Pensei em escolher uma profissão que gostava, onde me sinta bem e que não me dava tanto trabalho. Estava completamente enganado. Aqui é o contrário, trabalho muito mais hoje do que na minha anterior vida profissional”, descreveu.

Paulo Lopo diz que ser presidente de um clube é “muito absorvente” e por muito que faça, “há sempre mais coisas”.

“Ser presidente num clube é muito absorvente, porque há muita coisa para se fazer. Por muito que nós possamos fazer, há sempre mais coisas. A minha mulher e os meus filhos queixam-se muito da minha ausência, às vezes eles dizem que me viam mais em Lisboa do que aqui”, salientou.

Paulo Lopo diz ser uma pessoa “de sentimentos”, fazendo que se envolva “emocionalmente com as pessoas”, mas que nem tudo é um “mar de rosas”.

“Sou uma pessoa de sentimentos, desde novo que considero que sou uma pessoa muito ‘touch’ (afetuosa), não sou pretensioso e isso faz com que envolva emocionalmente com as pessoas que me rodeiam. Tenho nos adeptos do Leixões uma boa quantidade de amigos, mesmo quando eles se queixam porque estou cá para ouvir. Nem tudo é um mar de rosas”, expressou.

O Leixões ocupa o 13.º lugar da II Liga, com 15 pontos, três acima da ‘linha de água’, e visita no domingo a Académica.


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PS: AGRADECEMOS EM NOME DA EQUIPA DA NOVA MEMÓRIA A BOA DISPOSIÇÃO E O À VONTADE EM EXPLICAR AOS OUVINTES E LEITORES A POSIÇÃO EM RELAÇÃO AOS TEMAS DA ATUALIDADE, DO PASSADO E DO FUTURO COM O PRESIDENTE DA SAD DO LEIXÕES, PAULO LOPO E À DIREÇÃO DO CLUBE POR NOS CONCEDER ESTA ENTREVISTA EXCLUSIVA.





Fonte da Foto: Facebook oficial do Leixões.




Diogo Bernardino e Simão Moura

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